Ex-sempre-amor

São sorrisos tão sinceros e que não são mais meus.
São conquistas que não são mais partilhadas, nem deveriam.
São planos que continuam, mas com outro personagem, outro romance.
Fora ela a culpada, fora eu desonesto, fora nosso descuidado,
Fora nossa vida desmoronando e descambando no desafeto.

São elas em sentimentos iguais de raiva, tristeza, decepção,
São sentimentos que carregam pesadas lembranças inalteráveis.
São histórias de amor lindas que findaram sem final feliz, porque findaram.
São cartas em caixas, palavras no coração e, no fundo, uma ponta de saudade.
Fora a extinção daquilo que era eterno. E foi! Mas não durou pra sempre.

Fora tudo passando e escorrendo de nossas mãos,
Foram muitas tentativas calejadas de fortalecer as raízes,
Fora muita tensão nos ombros, fora pouca tranquilidade no coração.
Fora feitas mandingas inúteis, súplicas inalcançáveis, e nada adiantou.

Foi, passou, findou.
Assim que aconteceu.
Foi isso que deixou.

Published in: on 20/04/2013 at 12:35  Comments (1)  

Tristeza da Mulher que Ri

Ao andar pelo mundo, pelas ruas,
Por caminhos sinuosos,
Por labirintos para me perder
Diante das andanças eu vi…

Eu vi mulheres de olhos opacos,
De olhares sem brilho,
Sem vida, nem cor.
Olhares sem focos, cheio de dor.

Vi mulheres tristes sorrindo
Sorrisos sem alma
Faces para si mentindo.

Vi doces flores envenenadas,
Tóxicas e amargas pelo tempo.
Vi mulheres sofridas.

E nessas mulheres de olhar baixo
De sorrisos fracos,
E de olhos opacos,
Vi sorrisos querendo negar tudo,
Tudo isso que eu vi.

Published in: on 21/11/2012 at 11:04  Comments (1)  

Mudanças e Reticências

As coisas mudam…
Algumas coisas mudam…
Outras permanecem…
Talvez porque não devam mudar…
Ou talvez porque simplesmente não é o momento de mudar…
Ou ainda, de maneira mais completa e súbita: porque não mudam.

Mas mesmo assim
As coisas continuam mudando…
Mesmo para aqueles que não mudam.
E para quem gosta de mudanças,
A vontade de mudar não muda…
A mudança, ela permanece…
E acima de tudo,
É preciso que se saiba que
tudo isso muda ou permanece
Porque as coisas acontecem…!

Published in: on 06/11/2012 at 09:55  Deixe um comentário  

Casas e Cercas

Não sou a favor dos muros inalcançáveis
que protegem coisas do coração das decepções…
De muros feitos de egoísmo, solidão e culpa,
Muros altos, tão altos para fugir da realidade do chão
Fugir da realidade imposta, proposta pelo coração.

Sou mais montar cercas baixas e brancas
Que cercam e mostram a coisa guardada
Cercas leves e acessíveis, pouco pontudas,
Baixinhas pertinho das raízes das plantas
Pertinho dos pés de quem pisa o jardim florido.

As pessoas são assim, casas de alvenaria,
Algumas pintadas por fora, com cores leves,
Outras bagunçadas por dentro
Além daquelas com goteira, infiltrações e tristezas…
Outras casas vazias, sozinhas, silenciosas…
Casas a espera de visitas, ou resistente a invasores.

Casas cercadas, protegidas, guardadas
Por cercas baixas ou muros altos…
Somos nós, casas arrumadas, bagunçadas
Casas cheias de vidas e lembranças
De fotos, presentes e alguns passados…
Bem vindo a minha casa!

Published in: on 18/01/2012 at 12:15  Deixe um comentário  

Ser Poeta

De onde vem a tristeza do poeta?
Vem do fato de sê-lo.
Da vida esperançosa,
Das tentativas receosas,
Da melancolia imposta.

A felicidade do poeta.
Ah como é intensa!
Como é grande!
Quão amável felicidade
Tanto quanto passageira…

O amor do poeta
Não finda nem esmorece.
Não se apaga nem se estraga.
Resiste e sofre pela malicia
Daquela que o acolhe…

Ah! Grande é o ser poeta!
De ao personificar-se,
Despir-se e Jogar-se
Nesse infinito mar
Que um dia há de descansar.

Published in: on 23/11/2011 at 01:03  Deixe um comentário  

Inquietude da dúvida

Um homem dividido
Entre amores consumados
Amor pecaminoso,
Oração fiel, filial

Terno, gravata e sapatos
Com mesa farta no jantar,
Ou batina e o celibato
E domingo, sacrifício do altar?

Filhos correndo a brincar
Ou ovelhas para pastorear?
Casa de oração
Dúvidas no coração.

Published in: on 12/09/2011 at 21:27  Deixe um comentário  

Pobre Pecador

Seria o pecador maior que o pecado?
Seria o apaixonado maior que a paixão?
Ou o sofredor maior que o sofrimento?

Seria a carne flagelada tão fraca?
Seria a fé tentada tão pequena?
Ou seria a fé da carne esfacelada?

Olhos atentos, arrependidos, contrito.
Mãos juntas, orantes, trêmulas.
Joelhos dobrados, cansados, doídos.

Incensando sem cessar o altar
O turibulo flamejante elevando
Todo o clamor, toda a súplica
Do franco, pequeno, esfacelado pecador.

Published in: on 07/08/2011 at 19:59  Comments (1)  

Saudades Terei…

Da vila tranqüila
De um povo cansado
Da rua arborizada
E de todos os aposentados

Dos cumprimentos rápidos
Dos encontros em calçadas
De jovens rapazes passeando
Exibindo suas novas namoradas

Do boteco da esquina
E seus clientes embriagados
Das velhinhas como meninas
Varrendo com os pés descalços

Do silêncio da noite fria
Das fofocas sem rancor
Do apito dos vigias
Trazendo segurança como for.

Das dançarinas morenas
Mostrando seus corpos sem pudor
Beira Rio sentirei sua falta
Porque o pseudo-progresso chegou.

Published in: on 20/06/2011 at 19:32  Comments (3)  

Morte do Poeta

E quando o corpo deitar,
Os olhos fecharem,
E a boca calar?

E quando o corpo esfriar,
O sentimento cessar,
E a carne enrijecer?

E quando o choro banhar
O corpo calado, quieto,
Saudade profunda irá brotar.

Do silêncio do poeta,
Do solidão entregue,
Da ausência infinita.

Um copo entre amigos
Sempre sobrando.
Um minuto de silêncio
Sempre contando.

Deixará de herança o amor,
Amor consumado.
Amor platônico.
Amor findado.

Published in: on 19/05/2011 at 08:01  Deixe um comentário  

Sacrifício de um Artista

(Choro em 3 atos e ciclicos)

I
Jovem almejava ser poeta
Casar-me com uma donzela
Olhos lindos, musa bela a me inspirar

Foi quando no gramado do campinho
Dedilhando esse chorinho
Eu notei que havia uma moça a me notar

Eras como o sol ao meio dia
Nos teus cachos reluzia
Melodia, poesia a cantar

(REFRÃO)
Sonhar, perceber
Fazer acontecer
Só depende de você
Arriscar, acreditar
não vais te arrepender.
Perceber, Sonhar
Só depende de você
Fazer acontecer
Acreditar, arriscar
Não vais te arrepender

II
Entraste em minha vida tão depressa
Fiz-te logo uma promessa
Prometi que nunca ias te deixar

E foi tanto amor tanto carinho
Só ternura em nosso ninho
Me doei, entreguei-me ao nosso lar

E como fosse o úlitmo dos dias
Te beijava todo dia
Como se nunca mais foste te beijar

(REFRÃO)
Sonhar, perceber
Fazer acontecer
Só depende de você
Arriscar, acreditar
não vais te arrepender.
Perceber, Sonhar
Só depende de você
Fazer acontecer
Acreditar, arriscar
Não vais te arrepender

III
Começando essa minha vida de artista
De boêmio, de sambista
Logo vi, não podes me acompanhar

Tomarei, então o meu caminho
Não é fácil ir sozinho
Te deixar e nunca para trás olhar.

Vou lançar-me nessa vida imensa
Com saudade e uma crença
Em que possa um artista me tornar

(REFRÃO)
Sonhar, perceber
Fazer acontecer
Só depende de você
Arriscar, acreditar
não vais te arrepender.
Perceber, Sonhar
Só depende de você
Fazer acontecer
Acreditar, arriscar
Não vais te arrepender

(Pinheiro Silva, Pedro Pereira e Tiago Pereira

Published in: on 22/03/2011 at 14:33  Deixe um comentário